Sexta-feira 10.09.2004 
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TECNOLOGIA

Bioinformática -  Estruturas sem segredos
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Dados e parâmetros

Atualmente, grande parte das pesquisas em biologia molecular envolve a estrutura das proteínas porque os pesquisadores buscam conhecer suas funções e como elas podem ser modificadas. A versão mais recente do conjunto de softwares funciona, simultaneamente, como interface para a visualização de todas as informações demonstradas pelo sistema e como banco de dados das características das estruturas das proteínas.

"O NBI é o único laboratório em âmbito mundial a oferecer produtos desse tipo. São 125 diferentes parâmetros que descrevem cada aminoácido dentro de uma estrutura protéica", diz o pesquisador.O trabalho de pesquisa no NBI recebeu mais de R$ 2,8 milhões em investimentos, incluindo a participação da FAPESP, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). As pesquisas no laboratório de Campinas envolvem estruturas protéicas de animais e de vegetais e representam um potencial de mercado mundial estimado por uma consultoria norte-americana em US$ 3 milhões.

"Não comercializamos o software porque ele se insere na troca de informações entre pesquisadores de entidades públicas internacionais. O software é público porque os dados utilizados também são públicos", esclarece. Desde 1998, já foram feitos mais de 12 milhões de acessos mundiais aos aplicativos do Gold Sting e das suas versões anteriores. As empresas do setor farmacêutico também utilizam o produto, mas apenas para treinamento e avaliação de potencialidades do próprio software e do banco de dados.

"Embora tenham grande interesse nas pesquisas, as empresas não as fazem por vias públicas, para não correrem o risco de ter seus estudos privados conhecidos publicamente. Por isso, a melhor opção para elas seria a aquisição do software para trabalhar em seus próprios computadores, fora da rede pública", conclui.

Novas versões

Com equipamentos de última geração, os dados colhidos pelo NBI são processados, calculados e armazenados, antes de serem disponibilizados. Para isso, o núcleo conta com seis pesquisadores permanentes em um grupo multidisciplinar formado por um matemático, dois engenheiros elétricos com especialização em software, uma física especializada em cristalografia de proteínas, um bioinformata e um biofísico. Eles têm como perspectiva novas atualizações do software em 2005, com o lançamento da versão Diamond Sting, e em 2006, com a Star Sting. Nesse ponto, o NBI deverá finalizar a criação de interfaces de softwares, voltando-se para o gerenciamento de informações, análises e agrupamento de dados.

Ainda que comparativamente menores em relação às dos grandes centros mundiais de bioinformática, as pesquisas brasileiras nessa área têm crescido de forma considerável, tanto que o país foi escolhido para sediar, em 2006, a 14ª Conferência Internacional de Sistemas Inteligentes em Biologia Molecular, organizada pela International Society for Computational Biology e que pela primeira vez sairá do eixo Europa-Estados Unidos.

Goran aposta no impacto que a discussão com pesquisadores internacionais trará às pesquisas brasileiras (mais informações no site: http://www.iscb.org/ismb_2006 ). Para isso, está sendo articulada a criação da Sociedade Brasileira de Bioinformática e Biologia Computacional para congregar os pesquisadores em nível nacional. A intenção também é fortalecer o Gold Sting até 2006, possibilitando que o produto seja cada vez mais utilizado.

O Projeto
Criação de um centro para a pesquisa e oferta de serviços em bioinformática (CB)
Modalidade
Linha Regular de Auxílio à Pesquisa
Coordenador
Goran Neshich - Embrapa Informática
Investimento
R$ 185.731,72 e US$ 285.741,10 (Projeto FAPESP), R$ 488.669,03 (CNPq), R$ 762.884,16 (Finep)

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